INTELÉTICA
- Nazareno César e Bruno Augusto
- 11 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de mai. de 2023
Intelética ou Intellethics
Da equipe Intelletica
A rápida ascensão da Inteligência Artificial nos últimos anos tem suscitado muitas dúvidas, perplexidades e especulações entre jornalistas, filósofos, juristas, políticos e todos que se interessam pelo tema. Em comum às posições até aqui assumidas, parece existir apenas uma certeza: a de que é preciso fazer algo para moderar e dirigir a criação e a difusão de máquinas inteligentes, de modo que elas sejam benéficas para a Humanidade. Ou seja, é preciso regulamentar, em alguma medida, a Inteligência Artificial.
Mas há enormes dificuldades para se chegar a algum consenso sobre o quanto, quando e como fazer isso, tanto mais porque a IA é um alvo móvel, graças ao trabalho de tecnólogos que visam à eficiência na solução de específicos problemas de negócio, sem preocupações com efeitos colaterais indesejados (muitos até imprevisíveis).
O primeiro e talvez o maior embaraço que se opõe, no momento, a quem tenta compreender as consequências sociais do uso da Inteligência Artificial, para discipliná-la, está no fato de que são muitos e variados os fenômenos que se apresentam ao observador sob esse título. A IA tem sido usada em campos tão diversificados como a previsão do tempo, o diagnóstico de doenças, a predição de crimes, o marketing comercial, a busca e salvamento de pessoas acidentadas, a criação de textos ou imagens a partir de certos parâmetros, o reconhecimento facial (para inúmeras finalidades), a condução de veículos autônomos, a recomendação de filmes e livros, e muito mais.
É difícil, diante dessa gama de aplicações, descobrir um fio comum que una fatos tão diferentes e que possa servir de base para compor-se uma deontologia da IA e, posteriormente, para criar normas jurídicas vocacionadas a reger a IA em suas múltiplas funcionalidades.
Há, não obstante, estudos que parecem despontar na interseção entre o direito, a economia, a política e a filosofia da tecnologia, e que apontam para a ética aplicável ao desenvolvimento de coisas inteligentes. Esse campo de estudos bem pode se chamar de intelética (ou intelletichs, em inglês), por envolver o processo de interação entre a inteligência (humana e de máquina) e a ética (essencialmente humana).
O cerne da problemática está em que a Inteligência Humana ou Natural produz a Inteligência Artificial, mas só até certo ponto detém o controle sobre os resultados das aplicações desta última, quer porque o processo de criação das máquinas inteligentes é cada vez mais complexo e inescrutável para os próprios desenvolvedores, quer porque não é possível saber, de antemão, quais as consequências da interação homem-máquina em certos contextos sociais. Logo, qualquer reflexão ético-jurídica em torno do problema da IA deve considerar a necessidade de controle de todo o ciclo da tecnologia, desde a sua concepção até as mais remotas consequências de sua aplicação.
Embora pareça clichê, a verdade é que a máxima segundo a qual “no meio está a virtude” ainda aqui se mostra um guia seguro para a consideração inicial dos problemas morais em torno da aplicação da IA, em especial sobre a quem cabe a tarefa de deliberar sobre o que é lícito ou não fazer nessa área. Se, por um lado, não é conveniente entregar as decisões sobre os usos dessa tecnologia exclusivamente aos seus próprios criadores, os quais têm em mente objetivos autorreferentes; por outro, não é proveitoso também deixar que burocratas possam tolher a inovação, sob o vago argumento de que ela pode representar riscos, sem qualquer demonstração a esse respeito.
O perfil Intelletica apresentará semanalmente notícias, curiosidades e controvérsias clássicas e atuais sobre o uso da IA, bem como de tecnologias associadas, assim como avaliará criticamente suas consequências, especialmente de um ponto de vista ético e jurídico.
Saindo um pouco do hype em que o tema costumeiramente tem recaído, e buscando focar em problemas reais e bem definidos, o Intelletica estimulará a reflexão e a busca por princípios e regras que possam servir de fundamento para a justa disciplina da IA.
Convidamos todos que tenham interesse no assunto para nos acompanhar nessa jornada!
Nazareno e Bruno




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